“Ser Pai Natal já nasceu comigo”
De fato vermelho e com uma barba tão grande que quase lhe tapava o olhar natalício, o Pai Natal do nosso Centro recebeu-nos com um sorriso e com o típico Ho Ho Ho.
Quisemos, no final de contas, saber quem era António Lima, 61 anos, o homem por detrás do fato encarnado e da barba, como passava o seu Natal e qual a lista de presentes que tinha para este ano. Numa conversa que aconteceu entre sorrisos e histórias, o Pai Natal mostrou-nos que a magia desta época nunca desaparece.
Sabemos que o mês de dezembro é uma altura muito atarefada para si. Mas o que faz durante o resto do ano?
Como é natural, passo todo o ano junto dos duendes a ajudá-los a construir os brinquedos. Construímos, embrulhamos, carregamos no trenó e, claro, brincamos muito. Contudo, não tem sido fácil… há um duende muito mal comportado que quando ficou de construir baterias para os meninos tocarem, me partiu todas as baquetas. Tive que o castigar: pedi que deixasse uma carta a explicar a sua história dentro de uma das baterias para que o menino que a recebesse soubesse que ser bem comportado só traz coisas boas.
Há alguma história que nunca esquece?
Sim. Há muitas, mas uma em especial marcou-me muito. Houve um dia em que tinha aqui no ArrábidaShopping uma fila muito grande de crianças e pais para tirarem fotografias comigo e me entregarem as suas cartas. Num cantinho dessa fila encontrava-se uma mãe com o seu filho numa cadeira de rodas. Decidi parar tudo e ir falar com o menino. No final da conversa já estávamos os dois a tirar fotografias e a abraçar-nos um ao outro. Enquanto isso, a mãe estava muito emocionada. No fundo, a função do Pai Natal é mesmo esta: realizar sonhos, fazer acreditar.
Sente que consegue proporcionar tudo isso a todas as crianças?
Sim. Várias crianças chegam até mim e acham que o Pai Natal não existe. Mas depois de conversarmos, acreditam e vão entusiasmados para casa.
No dia 24 de dezembro, vai ter um dia muito ocupado. Estará no nosso Centro de manhã, depois terá que ir carregar os presentes no trenó e, por fim, distribui-los por todas as crianças. Como é que vive a sua noite de Natal depois dessa azáfama?
Depois de entregar todos os presentes com a ajuda das minhas renas, vou logo para casa. Tenho as minhas filhas à espera e exigem-me que não tire o fato. Também querem um pouco do Pai Natal para elas. Depois comemos o nosso bacalhau com batatas cozidas e esperamos pela meia-noite.
De todas as cartas que recebeu e com tantas crianças a segredar-lhe ao ouvido qual o presente que mais querem, qual é o mais caricato?
Há pouco tempo uma criança disse-me: “Pai Natal, quero uma televisão muito, mas muito grande para meter na minha sala porque que gosto de jogar”. Claro que tive que explicar que ia ser difícil. Primeiro porque com o dinheiro dessa televisão, conseguia distribuir muitos brinquedos por muitas outras crianças. E por outro lado, era complicado descer o telhado com uma coisa tão grande! A resposta dele, como se já estivesse à espera da minha, foi: “Não faz mal, Pai Natal, o meu pai compra.” Ri-me da sua atitude confiante.
E o Pai Natal, tem a sua própria lista de presentes?
Já recebi alguns este ano. Várias crianças saem do meu colo e vão correr para os pais a pedir para me irem comprar um presente. Guardo-os todos. Mas na minha própria lista escrevi que quero muita chuva para ajudar a seca que atravessa todo o nosso país. Também pedi amor, harmonia e, claro, muita saúde.
Obrigada Pai Natal. Feliz Natal!
Feliz Natal para todos!