Gato ou cão? Saiba qual dos animais é mais adequado para si

Ter um animal de estimação é benéfico, tanto em questões de saúde física como mental. Conheça as diferenças entre cães e gatos e que vantagens há em escolher a companhia de cada um.

Patrícia Guimarães, médica veterinária, aconselha toda a gente a ter um animal de estimação e refere que os estudos comprovam que eles promovem “a redução de stresse nas pessoas em geral”, não só “pelo carinho” que os cães e gatos infundem, mas também “pelo companheirismo”. A profissional de saúde explica que quando se acaricia um gato “existe uma redução de stresse, tanto em pessoas adultas como nas crianças”. Mas, também há benefícios de saúde em quem tem cães, já que “em pessoas a quem foram diagnosticados níveis de colesterol elevados, quando adquirem um cão, veem essa taxa reduzida, pelo facto de começarem a ir passear os animais, andarem mais a pé e virem cá fora”, ou seja, ter um cão “estimula as pessoas a saírem de casa e a se mexerem, também incentiva as crianças à brincadeira, à interação e à comunicação – o que é muito saudável”. Patrícia Guimarães avançou que há também “uma tendência para a redução no desenvolvimento de alergias” – existem hipersensibilidades próprias ao pelo dos animais, aos ácaros que se encontram nesse pelo e à saliva, seja em gatos ou cães – em bebés e crianças, principalmente quando estes são gerados já com a presença de animais em casa”, porque por haver mais “estimulação” do organismo ao alergénio. Para além disso, essas crianças são mais alegres, mais comunicativas e sociáveis, tenham elas cães ou gatos, asseverou ainda a médica.

Entre o grupo canino e felídeo, existem diferenças e a responsável da “VetCare – Clínica Veterinária Dra. Patrícia Guimarães” acrescenta que “os cães são mais interativos e dependentes do que os gatos – no sentido de precisarem de alguém que os leve à rua para passearem e para fazerem as suas necessidades, já que o espaço dentro de uma casa se torna irrealista para um animal de maior porte”. Por outro lado, os gatos são “mais autónomos”, embora também sejam “muito dependentes em termos emocionais”. A profissional de saúde sustenta ainda que “quem tem um gato já consegue ir passar aquele fim-de-semana fora, e apenas precisa de pedir a alguém para ver se o bicho tem comida e água; já com um cão, há a necessidade de ir passeá-lo, levá-lo lá fora pelo menos quatro vezes por dia”.

ter um cão estimula as pessoas a saírem de casa e a mexerem-se

É tão viável ter cães em apartamentos, como ter gatos em casas com jardins. No entanto, a médica também especializada em comportamento animal avança que “com um cão de maior porte é importante ter cuidado de antecipar aquilo que poderá partir em casa, porque há caudas maiores”, por exemplo, que ao abanarem podem deitar o que está em volta ao chão. Mas “tanto gatos como cães podem ser ensinados e treinados”. Os primeiros “são mais teimosos e é preciso ter um pouco mais de paciência e persistência no ensino, mas são tão treináveis como os cães – desde o ato de sentar, deitar, dar a pata e ‘o vem’ e ‘o vai’ e para escovar”. Explica que os cães são muito mais entusiasmados, independentes e adoram aquele espírito de equipa e, por isso, têm mais tendência a interagir do que os gatos, mas estes últimos desenvolvem a mesma “empatia com os donos”.

Os felinos precisam de um grande território, tal como os cães e “aos gatos que vivem em apartamentos temos de lhes aumentar o número de desafios dentro de casa” para compensar a falta de espaço. A médica portuense avança ainda que se considerarmos “os brinquedos que são levados para os cães para a rua, estes têm de ser em maior número para os gatos no interior, assim como “é importante aumentar as dificuldades e brincadeiras, como uma torre com várias prateleiras e diferentes elevações, arranhadores, ratinhos, canas, etc.” e “acabamos por gastar o mesmo valor” no entretenimento dos dois bichos.

“tanto gatos como cães podem ser ensinados e treinados”

Quando ao espaço indicado para cada animal, a veterinária afirma que “tanto casas pequenas como grandes, com ou sem jardim são boas opções para ambos”. Contudo, ressalva que com um gato, “há mais cuidados a ter numa casa com jardim, porque existe a possibilidade deste fugir”. Se o animal for castrado “a vontade de ir procurar um parceiro diminui”, mas “se forem treinados desde bebés e lhe ensinarmos qual será o seu limite, o animal também não terá tanta tendência para se evadir”. Deve limitar-se o espaço e “cativar o animal, mostrando-lhe que o ambiente é agradável dentro da casa, mas também se deve premiar nas alturas corretas”. Os treinos podem ser feitos em casa com os donos ou com a ajuda de especialistas de comportamento animal e treinadores específicos para cada animália, segundo a especialista. Mas acrescenta que há animais com problemas de comportamento mais sérios e, nesse caso, há treinadores específicos que, em conjunto com um veterinário, podem ajudar a adestrar o animal nas alturas mais críticas.

Em termos de gastos com refeições, brinquedos e cuidados, gatos e cães são equivalentes, refere ainda a veterinária, dizendo que a grande diferença está relacionada “com o tamanho dos animais”, especialmente em termos de tratamentos e alimentação. “Antigamente, as pessoas preferiam cães para sair e irem passear acompanhadas; hoje em dia, são mais sedentárias e verificamos que têm mais gatos, embora não estejam todos registados” – apenas é possível saber o número real de cães e gatos pelo registo clínico. Aliás, “estão de tal forma sedentárias que as pessoas pagam para alguém lhes passear o cão” e, por isso, “há os dogwalkers e o petsitters”, mas não nos podemos esquecer que “se queremos a companhia que eles nos podem proporcionar, temos de interagir com o nosso animal de estimação”. Patrícia Guimarães conclui dizendo que entre cão e gato, tudo depende das preferências individuais: “Há quem seja uma pessoa de cães, quem seja uma pessoa de gatos ou, como eu, quem seja uma pessoa das duas coisas, porque cada um tem as suas características individuais”.

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